Narração versus Mero Relato

Caso de Secretária é uma crônica, uma história breve, que pode fundir ficção e realidade e que muitas vezes aparece num contexto jornalístico. Sua finalidade principal é simultaneamente distrair e envolver o leitor.

Para atingir tal finalidade, que no fundo constitui o que pretende qualquer narração imaginativa, é necessário antes de mais nada que o autor saiba criar e manter a expectativa do leitor, o seu interesse em prosseguir a leitura, em conhecer a continuidade da história.



A Expectativa do Leitor e o Desfecho Inesperado

Observe que no decorrer da narração, até o desfecho propriamente dito, nem o protagonista (o aniversariante) nem o leitor conhecem as intenções da secretária, o que permite que ambos alimentem uma certa expectativa em relação a ela: esta personagem parece estar querendo seduzir o chefe... ele prontamente armadilha; nós, leitores, ficamos interessados em saber se há armadilha, de que tipo de armadilha se trata... etc.

Esta situação se mantém até o clímax, isto é, quando vai ocorrer a explosão do conflito - a suposta traição do aniversariante à sua esposa com a secretária...

Então, nossa expectativa (e também a do protagonista) é quebrada com um desfecho inesperado... A secretária e a família resolvem o conflito do aniversariante, por meio do elemento surpresa... O desfecho inesperado constitui uma das formas mais expressivas de provocar o interesse do leitor pela história, de mantê-lo até o desenlace atento a cada um de seus detalhes.

Os elementos de um texto narrativo responsáveis pela criação e pela manutenção da expectativa do leitor variam de texto para texto e constituem recursos essenciais para a percepção das diferenças entre uma verdadeira narração e um mero relato, ou seja, um. conjunto de fatos ou acontecimentos, sem a articulação necessária para transformar-se em texto narrativo.

Vamos apontar visualmente tais diferenças, para você tê-las em mente quando for escrever uma história, e assim procurar fazê-lo de modo correto.